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Segurança de Museus: Como Pensar e Planejar?

Ao se pensar na segurança dos museus, a equipe técnica da instituição deve se permitir a uma visão e um diálogo multidisciplinar. Esse olhar multidisciplinar possibilita avaliar os potenciais riscos envolvidos e evidencia que o domínio desse assunto compreende uma variedade de ferramentas de proteção patrimonial. Contudo, o tema Segurança de Museus, considerado um assunto de extrema complexidade, acaba sendo colocado em segundo plano dentre as prioridades de um museu.

A questão de segurança contra incêndio é considerada por muitos um aspecto de menor importância, apesar dos graves exemplos de perdas de valiosos acervos por ação do fogo presenciada nas últimas décadas. Além disso, atender aos requisitos mínimos das regulamentações de segurança contra  incêndio pode não ser suficiente para proteção do acervo e dos objetos expostos, pois estes requisitos oficiais objetivam essencialmente a proteção da vida humana, garantindo o rápido abandono do local. Adicionalmente, os museus podem sofrer com outros tipos de incidentes como inundações, enchentes e vendavais, para os quais são necessários, também, planos de emergência previamente elaborados e implantados. (Ono, 2003)

Sabe-se que a falta de recursos na grande maioria dos museus brasileiros acaba por não permitir que se dê a atenção necessária ao aprimoramento de sua segurança. As exposições e ações com maior alcance de públicos são sempre as mais privilegiadas, em detrimento àquelas consideradas mais técnicas, como a Documentação Museológica e Programas de Segurança. Assim, a falta de conhecimento e conscientização sobre o assunto pode agravar o problema, ao gerar planos e projetos de melhoria sem contemplar aspectos de segurança em nenhum momento.

A segurança de museus é a capacidade imediata do museu para realizar uma das suas tarefas básicas, que vão desde a proteção dos seus funcionários, visitantes, acervos e do seu imóvel e entorno.

Em 2015, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, sofreu um grave incêndio.

Análise de Risco e o Plano de Segurança

A análise de risco é o processo pelo qual o museu identifica a frequência e a gravidade dos perigos que ameaçam o museu. Por meio de uma escala de cinco graus, pode-se determinar o risco aceitável para todos os perigos eminentemente identificados. Na prática, cada museu estabelece sua própria escala de grau de riscos, com base nas suas características da própria instituição. A comparação entre estes níveis de risco planejado com os resultados apontados pela análise de risco determina a prioridades na eliminação de riscos individuais, além de subsidiar as ações para o plano estratégico de proteção do museu.

Os perigos potenciais mais significativos necessitam de uma constante avaliação. Trata-se de um Diagnóstico de Análise de Risco, que leva em consideração todos os perigos que podem danificar significativamente o acervo ou o próprio museu. Para o Diagnóstico de Análise de Risco são observados alguns aspectos do museus como os listados abaixo, extraídos do manual prático Como Gerir Um Museu, do ICOM/UNESCO:

Risco de Desastres Naturais

Risco por Perdas Técnicas

Risco de Acidentes

Risco de Atividades Ilegais

Riscos de Conflitos Armados

Assim, os princípios básicos para desenvolver um sistema de segurança do museu eficaz, dependem da Análise de Risco contínua, da sua avaliação e da incorporação das suas conclusões em forma de medidas concretas nas atividades de rotina do museu. Em outras palavras, pensar a segurança de museus é, sobretudo, desenvolver ações que fazem parte do cotidiano de todos os trabalhadores do museu. A

A adoção de medidas preventivas para cada uma das situações apresentadas no Diagnóstico de Risco ameniza substancialmente os efeitos de catástrofes maiores. Por medidas preventivas, entendemos à elaboração dos requisitos de segurança do museu ou mais precisamente, às ações e projetos individuais do sistema de segurança, por meio dos quais pode ser implementado o Plano Estratégico de Segurança do Museu.

O Plano Museológico e o Programa de Segurança

O Plano Museológico é uma ferramenta de gestão para os museus. Trata-se de um documento pautado num conjunto de Programas e Projetos e tem sua estruturação orientada pelo Estatuto de Museus. O Brasil possui mais de 3.600 museus, mas somente 25% deles possuem o seu Plano Museológico. (IBRAM, 2010)

O Plano Museológico é um instrumento que contribui para o fortalecimento institucional e potencializa a gestão do museu, sempre contemplando em oferecer ao seu público um serviço de qualidade. É um documento concreto e breve, de caráter útil e prático, com vigência entre três e cinco anos, e com vocação global que cumprem todos os aspectos da instituição.

Ao se elaborar um Plano Museológico,  o museu traçará a delimitação dos Programas e Projetos Museológicos de acordo com a realidade institucional, apontada nas duas etapas de Diagnóstico Museológico e Diagnóstico Institucional. A partir deles é que se consegue entender todo o processo técnico-administrativo e financeiro do museu, programando suas atividades em um cronograma pensado em curto, médio e longo prazo. O Plano Museológico contempla onze programas obrigatório, dentre eles, o Projeto de Segurança.

Programas e Projetos do Plano Museológico

  1. Programa e Projetos Institucionais
  2. Programa e Projetos de Gestão de Pessoas
  3. Programa e Projetos de Acervos
  4. Programa e Projetos de Exposições
  5. Programa e Projetos Educativo e Culturais
  6. Programa e Projetos de Pesquisa
  7. Programa e Projetos Arquitetônico-urbanístico
  8. Programa e Projetos de Segurança
  9. Programa e Projetos de Financiamento e Fomento
  10. Programa e Projetos de Comunicação
  11. Programa e Projetos de Acessibilidade a Todas as Pessoas

A TRÍSCELE atua na execução de diagnósticos museológicos que por conseguinte darão o aporte teórico e metodológico para a elaboração do Plano Museológico da instituição. A Tríscele desenvolve Diagnósticos e Plano Museológico em consonância com as diretrizes e leis vigentes; sabendo que é dever dos museus elaborá-los e implementá-los, pois são ferramentas imprescindíveis aos trabalhos desenvolvidos pelo museu. É onde fica estabelecido a sua visãodireção e seus caminhos.